ENTREVISTAS COMPLETAS, 01
24/07/2012
Essa primeira entrevista respondemos no natal de 2011 e a matéria saiu no dia 11/01/2012 na Ilustrada da Folha. A repórter foi a Amanda Queirós e a entrevista foi realizada por email.
LINK da matéria online
Entrevista completa:
1- Como surgiu o desejo de trabalhar com cinema? Como foi essa formação?
Certo dia você está em casa assistindo televisão e resolvem passar um filme que é bom. Esse filme pode ser Jules e Jim ou No feitiço do tempo, e depois que você é fisgado por esse filme não tem mais volta. É como se fosse amor à primeira vista. Você sabe que vai passar o resto da sua vida se dedicando àquele amor.
2- Após um bom tempo de jejum de longas-metragens, o cinema cearense começa a lançar títulos com certa continuidade. A que vocês creditam esse momento? Há mais recursos, mais mão de obra qualificada…?
O Brasil como um todo tem produzido mais filmes (longas e curtas). É um momento histórico específico muito feliz, mas que certamente, no nosso caso pelo menos, não tem nada a ver com mais recursos e mão de obra qualificada. No Ceará o incentivo à cultura é pequeno e o pouco que há fica na mão de uns incompetentes que não fazem a mínima ideia do que seja arte (pelo menos esse é o caso do cinema).
3- Na última década, houve uma sucessão de formações específicas em cinema no Ceará, como o Colégio de Audiovisual, a Vila das Artes e, mais recentemente, a graduação pública em Cinema. De que forma isso colaborou?
A escola de audiovisual é uma dádiva! Temos muita sorte de termos algumas pessoas sérias que trabalham pra que esse tipo de espaço exista. Sem a escola não há encontros e sem encontros não há como fazer arte. E o curso de cinema da UFC também tem tido uma enorme importância para isso. Tem muita gente talentosa lá.
4- O que chama a atenção do crescimento dessa produção é que ela não representa somente algo estatístico. Há um frescor aí que, a meu ver, tem feito esses filmes ganharem destaque dentro da atual safra de filmes do cinema nacional. De onde vem esse frescor?
O nosso frescor veio do fato de não termos que responder à nada nem à ninguém. De vez em quando é necessário esse tipo de liberdade pra que certas coisas sejam feita. Hoje em dia todo mundo é muito auto-consciente. Isso pode ser bom em alguns casos, mas na maioria das pessoas é só mais uma forma de repressão. O nosso frescor vem do desprendimento.
5- O que tem feito essa cinematografia chamar tanto a atenção dentro do cenário do cinema nacional?
Pra gente é uma enorme satisfação e realização compartilhar os nossos filmes com o máximo de pessoas possíveis. A troca e o diálogo é o que faz a roda continuar girando. Mas será sempre um mistério o que faz chamar a atenção ou não e é isso que faz a coisa ter graça.
6- Com que outros cineastas vocês se identificam e/ou buscam trazer pra a produção de vocês?
Nosso cineastas de cabeceira são John Ford, Kenji Mizoguchi e Carlos Reinchenbach.
7- Fortaleza tem um sério problema de distribuição de filmes. Raramente chegam aos cinemas produções mais autorais e independente. Como vocês fazem pra entrar em contato com essas referências?
Internet, festivais e turismo cinefílico.
8- Vocês conseguem identificar algo de “cearense” no trabalho de vocês? Se sim, o que seria?
Claro! O senso de humor, a panelada e a baixa auto-estima.
9- A projeção conquistada pelo Karim Ainouz com “Madame Satã”, ainda no começo da década, abriu alguma porta pra os cearenses ou foi mera coincidência?
A união faz a força. São muitas pessoas trabalhando, vivendo e amando cinema. Acreditamos que esse é o melhor abre-alas.
10- Quais as dificuldades para fazer esse cinema decolar ainda mais?
DINHEIRO!!
Respostas de Guto Parente, Luiz Pretti, Pedro Diogenes e Ricardo Pretti