Sobre “Não Estamos Sonhando”

13/11/2012

 

O conto mais conhecido de Fredric Brown começa assim:

“O último homem na terra sentou-se sozinho numa sala. Houve uma batida na porta”.

Esse conto avança por duas ou três páginas, mas nesta duas únicas frases Fredric condensa toda uma noção de terror e ficção científica.

Gêneros que tocam o que é intocável, aquilo que não pode ser visto, aquilo que não se pode falar.

Quando Luiz acorda em seu apartamento de janelas fechadas, há algo de errado neste silêncio.

Porque está silencioso como no espaço sideral. Como um homem à deriva.

Então talvez quando Luiz aponta um microfone ele esteja captando os sons do futuro, quando finalmente todos os prédios desabarão sob a pressão do tempo, e não houver ninguém aqui para ouvir. E o cinema serve a essa capacidade, de envelhecer o concreto ou um olho em sua duração.

E também serve para falar do mal estar que é descobrir a cidade cercada por colunas imensas de cifrões e frio. E num truque fazê-las mexer.

Uma porta que se abre numa sala de projeção vazia.

Não estamos sonhando. Nem estamos sozinhos.

 

Leonardo Mouramateus

 

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