ALGUNS PENSAMENTOS SOLTOS

04/09/2012

 

“Acordo tarde (passa das 10) e cago cedo. Não estava à espera que um cagalhão de cordeiro se avolumasse durante a noite, até ganhar as dimensões de um cagalhão de bode. Difícil e espremida espiação a deste ciclo digestivo. À laia de último retoque, e para que seja maior o inesperado, deposito uma caganita no fundo da sanita, após o que dou tarefa por concluída. Passo de seguida à habitual lavagem do cu, este aliás levemente dorido pelo esforço de o esgarçar.

Começar um dia em que o nosso próprio cu nos dá vontade de rir (e uma vontade de rir ligada à uma vontade de cagar) é no mínimo, auspicioso”. João César Monteiro

O que é inspirador em João César é o fato dele saber rir de si mesmo.

 

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Na internet assisto a alguns vídeos da nova geração do cinema filipino. Três vídeos do John Torres me impressionam bastante. Ele consegue ser sentimental sem ser piegas. É um cara que ainda acredita na revolução, mas a revolução está acontecendo no íntimo dele.

Me parece, pelas entrevistas que eles ainda estão num processo de descobrimento do cinema deles. É interessante que eles pregam um cinema filipino, mas os poucos filmes que eu pude ver percebe-se logo que são de cineastas muito distintos. Não dá pra dizer que existe um estilo comum entre os filmes. Um cinema de guerrilha, talvez seja um ponto em comum entre os filme. Pra eles fazer cinema é sinônimo de ir pra rua e lutar contra um sistema que oprime as expressões artísticas livres que eles estão querendo realizar.

Essa liberdade com a qual eles fazem os filmes é empolgante e me faz pensar em alguns filmes feitos em Fortaleza. Sem dúvida temos pontos em comum, que vão além de sermos terceiro mundo. Eu diria que é a falta de uma tradição cinematográfica. Na verdade tem uma coisa que fica patente: esses cineastas não se referem à história do cinema. Antes a televisão, a cultura popular e a internet. Os filmes parecem surgir do que eles estão vendo no mundo, ou os filmes são produtos do mundo.

Eles parecem ser todos bastante jovens, apesar da maioria já não ser. Resta saber se eles vão saber rir de si mesmos.

 

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Fazer cinema é ficar bêbado, mas pra ficar bêbado tem que saber beber.

 

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Fazer cinema é meditar. Meditar é escutar Bach.

 

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Numa cena de “O diabo provavelmente” a personagem do garoto que quer morrer diz para um psicanalista “se o meu objetivo fosse lucrar todo mundo me respeitaria”.

 

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Fazer cinema é um ato de doação. Do cinema a gente não pode tirar, ao contrário, só podemos oferecer, os nossos humildes serviços.

 

(Luiz Pretti)