Em Transição

Jamais conseguiremos encontrar uma definição conclusiva do que é a Alumbramento. Nunca encontraremos uma expressão, ou coisa que o valha, que dê conta das singularidades que fazem parte desse encontro. Seria um erro acreditar que um coletivo se apresenta em voz uníssona. Já aprendemos que não é assim que a banda toca.

Temos lidado com a dificuldade de dizer o que somos/fazemos e quem somos desde o começo em 2006 quando éramos dez (Danilo Carvalho, Fred Benevides, Gláucia Soares, Ivo Lopes Araújo, Luiz Pretti, Ricardo Pretti, Rúbia Mércia, Thaís de Campos, Themis Memória e Ythallo Rodrigues). Agora que somos seis (Caroline Louise, Guto Parente, Ivo Lopes Araújo, Luiz Pretti, Pedro Diógenes e Ricardo Pretti) a mesma dificuldade aparece quando precisamos escrever um texto que nos apresente.

Vemos que o que nos levou a nos juntar no começo e o que leva a alguns de nós continuarmos juntos ainda hoje, é por demais complexo, e formalizar esses encontros e os seus caminhos seria por demais infrutífero e redutor. Definitivamente não aceitamos a formatação. A beleza do nome Alumbramento está no que ele tem de indefinível e enigmático.

O que podemos dizer então?

Existe o amor. O amor pelo que fazemos. O amor que nos faz pessoas melhores do que somos, que dilui o nosso ego e nos torna mais generosos. Também podemos dizer que o maior compromisso firmado entre nós é o de saber que precisamos continuamente reaprender a olhar um para o outro, escutar um ao outro.

Pronto, isso é o suficiente.

Mas enfim, não podemos parar aqui. uma postura mais clara, mais assertiva se faz necessária.

Voltemos pro começo de tudo então: o que nos une é a vontade de criar juntos. Somos artistas e queremos viver da nossa arte. Acreditamos na possibilidade de se existir nesse mundo podendo se dedicar à criação e à construção de obras consistentes, apaixonadas e realmente significativas. Arrisquemos uma possível definição para a Alumbramento: viver a utopia.

Podemos ainda dizer: com o tempo vimos como era importante o compartilhamento de responsabilidades e uma organização que amparasse as nossas realizações. Somos uma produtora, precisamos encontrar maneiras de fazer os nossos filmes e viver deles. Isso significa trabalho diário, muito suor e muita persistência.

E no final do dia ainda precisamos ter as mesmas convicções. E claro, a maior convicção de todas: sem os filmes não somos nada.

Aí fica fácil afirmar o que somos: cineastas!

E o que fazemos: filmes!

 

Luiz Pretti